O Estado de S. Paulo (Brasil)

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28/11/2017

 

En el periódico "O Estado de Sao Paulo" del 28/11/2017 escriben sobre Daniel Diges y sus companeros que van a hacer Los Miserables México.

Aquí podéis leer la versión web. 

 

Teatro de exportação

Cinco intérpretes de 'Les Misérables' foram eleitos para a versão mexicana

O inglês Cameron Mackintosh tem o toque de Midas entre os musicais - condecorado como Sir, pela rainha Elizabeth, ele já foi elogiado pelo New York Times como “o mais bem-sucedido, influente e poderoso produtor teatral do planeta”, graças a espetáculos como Fantasma da Ópera, Cats e Les Misérables, que termina sua temporada paulistana no dia 10 de dezembro. Mas, quando a cortina se fechar na noite deste dia, para cinco integrantes do elenco não será uma despedida, mas apenas um “até logo”. Isso porque esse quinteto foi escolhido pelo próprio Mackintosh para integrar a temporada de Le Mis no México, que estreia dia 22 de março. 

 

Os eleitos são a dupla de protagonistas, o espanhol Daniel Diges, que interpreta Jean Valjean e Nando Pradho (Javert), além de Clara Verdier (Cosette), Laís Lenci (ensamble e cover de Cosette) e Leo Wagner (ensamble masculino e cover de Valjean e Javert). Todos começarão a ensaiar no dia 22 de janeiro, na Cidade do México. “É uma rara oportunidade figurar na companhia de Mackintosh”, comenta Renata Alvim, gerente-geral da divisão de teatro da T4F, a empresa que montou Les Mis em São Paulo. “Além da experiência pessoal, há ainda a grande vantagem de se crescer profissionalmente." 

 

Segundo Renata, já era esperado que ao menos um intérprete do elenco brasileiro fosse escolhido, pois Mackintosh cobriu de elogios os profissionais brasileiros, quando veio acompanhar a estreia do espetáculo, em março. “Cameron é muito exigente - já chegou a adiar uma estreia de Mary Poppins por não gostar da produção.” 

 

A excitação, portanto, já marca a rotina dos cinco, todos se preparando para a grande experiência. Do grupo, apenas Diges já passou por algo semelhante. E foi sofrido - em onze meses no Brasil, o espanhol lutou bravamente para cantar em português as harmoniosas letras do musical. “Em minha língua, as canções soam mais líricas, pois as vogais são mais abertas, ao contrário daqui”, disse ele que, tomado pela emoção, ainda canta alguns versos em castelhano, o que nada atrapalha sua soberba interpretação. “Em português, determinados trechos exigem 13 fonemas quando, em espanhol, bastam cinco.” 

 

Ele conta que, ao chegar no Brasil, sentiu-se na obrigação de surpreender em cena. “Aqui, as produções não contam ainda com estrangeiros, assim, minha responsabilidade era tremenda - eu não podia errar, precisava dar o máximo de energia para obrigar o resto do elenco a fazer o mesmo.” A medida surtiu efeito, como notou Clara Verdier que, detalhista, já versou todas suas falas para o espanhol. O cuidado, porém, quase provocou um efeito cômico: “Certo dia, em uma apresentação, quando eu ia começar a cantar, me veio o verso em espanhol. Por um segundo, quase cantei errado”, diverte-se. 

 

Por conta disso que Nando Pradho, que impressiona como Javert, nem começou sua preparação. “Só vou começar a pensar em espanhol no dia 11 de dezembro, com nossa temporada encerrada. Tenho muito receio de confundir os idiomas na cabeça”, conta ele, também preocupado com a adaptação no México. “Como fazemos muitas apresentações - até duas em um só dia -, a disciplina tem de prevalecer, principalmente no cuidado com a alimentação”, comenta Pradho, temendo a famosa pimenta da culinária mexicana. 

 

Diges sente-se mais confortável por se tratar de sua língua, mas, como todos, sabe que o trabalho se reinicia do zero. “Teremos outro diretor, que deverá apresentar novas intenções para cada personagem”, comenta Laís Lenci. “Pode acontecer de a interpretação mudar completamente.” 

 

Muito atento a esse detalhe está Leo Wagner, que tanto pode substituir Diges como Nando Pradho. “Conheço bem a forma como cada um atua, o que é importante pois aquele que estiver em cena vai esperar que eu me aproxime do estilo de quem estou substituindo”, observa ele, eufórico com sua primeira viagem internacional - o passaporte foi recém tirado. “Tudo será novidade.” 

 

Outros talentos já integram montagens no exterior

Não é a primeira vez que o Brasil “exporta” talentos do musical - o veterano Saulo Vasconcelos atuou no México antes de estrelar O Fantasma da Ópera em São Paulo, em 2005. E Alirio Netto foi Jesus, também no México, antes de impressionar como Judas, na versão paulistana de Jesus Cristo Superstar, em 2013. 

 

Atualmente, um dos destaques é Tiago Barbosa, que repete na Espanha o sucesso como Simba, de O Rei Leão. Como todos, ele descobriu o espetáculo sob nova perspectiva. “Ao chegar na Espanha, tive alguns desafios a serem superados: ver o musical sob outra perspectiva”, conta ele, que chegou na Europa com a missão de ser o substituto - mas logo assumiu o papel principal. 

 

“Antes, eu ficava na maquiagem e entrava no final do primeiro ato, com Hakuna Matata; agora, participo ativamente dentro do elefante, vejo cada pessoa emocionada ao som de Nats’ ngonyama.” 

 

O esforço frutificou - depois de sete meses no espetáculo, Barbosa foi convidado para cantar na embaixada dos EUA, diante da nobreza da Espanha. “Ri sozinho quando recebi o convite.”


24/04/2017

 

En el periódico "O Estado de Sao Paulo" del 24/04/2017 sale una crítica de Les Miserables.

Aquí podéis leer la versión web. 

Crítica: Um 'Les Misérables' de altíssimo nível

Desafio imposto por um dos mais completos musicais dos últimos tempos é vencido com louvorpelos produtores

Foto: AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO

Ubiratan Brasil, O Estado de S.Paulo

24 de abril de 2017 

 

A montagem de Les Misérables em cartaz no Teatro Renault é um marco na produção brasileira de musicais. Em um único espetáculo, é possível constatar que, de tão elevado, o nível do trabalho nacional já é capaz de receber um ator profissional estrangeiro cujo gabarito não faz sombra aos demais. 

 

A interpretação do espanhol Daniel Diges como um dos protagonistas, Jean Valjean, repleta de nuances e marcada por uma voz estrondosa, está no mesmo nível do brasileiro Nando Pradho que, na pele do também protagonista Javert, oferece uma atuação carregada de sentimento e técnica dosados na medida exata. Para completar, Les Mis traz ainda um elenco de apoio coeso, que desperta surpresas na sucessão das cenas. 

 

Com letra sofisticada e melodia marcante, Les Misérables é um dos mais completos musicais dos últimos tempos, oferecendo um desafio aos produtores. Assim, se bem executada, a produção exibe o capricho necessário para narrar a atormentada trajetória de dois homens, o policial Javert e o exprisioneiro Valjean, unidos por uma perseguição que atravessa os anos e que expõe todos os elementos da condição humana, como lealdade, traição, humildade, egoísmo, solidariedade. Não se pode esquecer que o espetáculo é inspirado no livro de Victor Hugo, escritor notadamente humanista. 

 

Tal confronto de desejos é o que delineia a trajetória de Valjean e Javert. O primeiro começa a história como um homem diante da adversidade do mundo, necessitando usar a força para sobreviver. Aos poucos, à medida em que envelhece, torna-se mais sensato e caridoso. O arco dessa mudança é maravilhosamente bem mostrado por Daniel Diges. 

 

De uma atuação notadamente física no início, com gesticulação acentuada, ele passa para os detalhes mais delicados na fase final, demonstrando pelo gestual mais contido a passagem do tempo. Também o uso da voz modifica: de vigorosa e raivosa para lamentosa e conciliadora. Uma atuação soberba. 

 

Ele certamente atinge tal estágio por ter um antagonista à altura. Depois de um espetacular início de carreira, em que figurou nos principais musicais da época, como A Bela e a Fera (2003), O Fantasma da Ópera (2005/2006) e Miss Saigon (2007/2008), Nando Pradho decidiu investir na trajetória solo. A ausência certamente o preparou para uma volta triunfante. Com Javert, ele revela o militar de caráter implacável, movido por uma obsessão. Mas, aos poucos, a atuação de Pradho permite descobrir o homem atormentado por seus demônios, o que o torna um ser incrivelmente frágil e só. Basta acompanhar sua interpretação da canção Estrelas, digna de figurar em qualquer antologia. 

 

A montagem brasileira conseguiu ainda a proeza de reunir profissionais perfeitos para os demais papéis. Kacau Gomes reproduz com rara beleza a angústia de Fantine enquanto Clara Verdier oferece a delicadeza e a voz afinadíssima ao viver Cosette. 

 

Impressionantes ainda são as interpretações de Laura Lobo (Éponine) e Filipe Bragança (Marius). Ela emociona como a menina obrigada a sufocar um amor não correspondido, oferecendo uma interpretação singular de Só Pra Mim (On My Own), capaz de provocar lágrimas. Em igual medida, ele traça com nitidez a angústia do rapaz que foi o único sobrevivente na revolta estudantil, oferecendo uma doída porém delicada interpretação a Tantas Mesas e Cadeiras (Empty Chairs at Empty Tables), uma das mais belas canções do musical. 

 

A se destacar ainda a entusiasmante interpretação de Pedro Caetano como o jovem líder Enjolras, cuja crença na liberdade, na voz do intérprete, jamais se parece ingênua. Finalmente, Ivan Parente e Andrezza Massei, perfeitos como o casal de ladrões Monsieur e Madame Thénadier. Responsáveis pelos momentos cômicos do espetáculo, eles usam sem piedade seus inúmeros talentos, focando com perfeição no cerne de seus personagens: são engraçados, sim, mas são miseráveis que roubam para sobreviver. Detalhes que tornam a atual montagem brasileira em um espetáculo imperdível. 

 


24/02/2017

 

En el periódico "O Estado de Sao Paulo" del 24/2/2017 sale una entrevista sobre Les Miserables con primeras fotos de escenario.

Musical "Les Miserables" logra una nueva versión, que refleja el día de hoy

Lucha por la igualdad reafirma el espectáculo como un clásico de los musicales

Foto: Amanda Perobelli/Estadão

(artículo original aquí)

 

O diretor inglês Adrian Sarple acompanhou de perto a fervura política brasileira que culminou, no ano passado, com o impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Fiquei fascinado com o confronto entre apoiadores e opositores, na avenida Paulista. Aquele enfrentamento popular me convenceu de que trabalho com uma história ainda muito atual, mesmo se passando no século 19.” Sarple é o diretor associado da montagem de Les Misérables, monumental musical que estreia no dia 10 de março, no Teatro Renault. 

 

O espetáculo que chega a São Paulo depois de ser visto por mais de 70 milhões de pessoas em 44 países é uma versão ligeiramente mais enxuta, portanto, mais ágil que o original, que estreou em 1985, em Londres. “As canções são as mesmas, criadas por Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg, mas o produtor, Cameron Mackintosh, repaginou a produção para seu 25º aniversário, em 2010. E é essa versão que chega aqui agora”, explica Sarple em conversa com a reportagem do Estado, que também acompanhou parte do ensaio.

 

O diretor inglês, que também figurou na ficha técnica da versão cinematográfica de 2012, comenta que a evolução tecnológica, que reeducou a atenção das pessoas, tornando-as mais propensas à narrativas ágeis, foi decisiva. “A primeira produção era shakespeariana, musculosa, com muita tensão”, observa Sarple. “Claro que era um trabalho excepcional, mas exigia muito do espectador, ao contrário dessa nova versão.

 

Inspirado no livro do escritor francês Victor Hugo, Les Misérables acompanha as histórias cruzadas de Jean Valjean, ex-condenado que, no século 19, torna-se prefeito de uma cidade francesa, onde protege Fantine, uma de suas empregadas, que sofre por ser mãe de uma criança ilegítima, Cosette. Ele é obrigado a sempre fugir de Javert, inspetor de polícia que o reconhece como um ex-condenado, além de cuidar de Cosette quando morre sua mãe. Como pano de fundo, a inquietação dos pobres, na iminência de armar uma revolta devido à morte do general Lamarque, único membro do governo que se mostra sensível à sua penosa situação. 

 

“As canções são poderosíssimas e, ao contrário de outros musicais, foram criadas em conjunto pelo letrista e pelo autor da melodia”, conta o espanhol Alfonso Casado Trigo, supervisor musical. “Isso faz uma enorme diferença, pois cada verso encontra uma bela resposta melódica. Daí a importância da versão brasileira, muito bem realizada por Claudio Botelho.” De fato, a missão de Botelho - responsável por grandes musicais montados no Brasil ao lado de Charles Möeller - foi encontrar a melhor versificação que se encaixasse na melodia, ao mesmo tempo em que mantivesse o naturalismo da oralidade brasileira. Enfim, manter uma linguagem coloquial de uma forma que não traísse o texto original.

 

Este trabajo fue esencial para el también español Daniel Diges, que asume el papel protagonista de Jean Valjean. Titular en el montaje de su país, donde su sorprendente registro vocal estremeció a la platea, se volvió obsesionado con adaptarse a la lengua portuguesa. "Mi idioma es parecido, pero necesito descubrir en el idioma de los brasileiros los puntos que emocionen. Jean Valjean es un personaje fascinante, pero cargado de emoción. No consigo salir de algún ensayo sin haber llorado mucho", comenta.

 

Sentimentos exacerbados, aliás, são observados em quase todas as cenas. “Quando entro no palco, eu me lembro das mulheres injustiçadas, aquelas que, ainda hoje, são obrigadas a se prostituir para cuidar dos filhos”, comenta Kacau Gomes, que vive Fantine. “Sou mãe de um menino de um ano e isso foi determinante para minha escolha na seleção: acredito que eles viram realidade na minha maternidade.” 

 

Assim como o diretor Adrian Sarple, Kacau aponta também para a realidade do texto. “As classes sociais estão gritando, no palco e nas ruas”, diz. “O sentimento de injustiça é grande e as pessoas lutam por igualdade.” Pelo mesmo caminho trilha Nando Pradho, que interpreta Javert. “A identificação é grande, o público sente isso, o que nos deixa emocionado”, comenta o veterano ator. 

 


14/01/2017

Daniel Diges World

~ Tras la pista de Daniel Diges ~


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